PIZZA
Aquele dia eu cheguei em casa meia noite, e minha mãe havia recém feito uma pizza de forno, estava quentinha ainda. Ela sempre foi de inventar umas receitas do nada. Eu estava morrendo de fome, pelo menos o meu corpo estava, pois eu tinha ido dar aula sem comer nada. Sempre tive a mania de sair de casa sem comer. Foi a melhor pizza de forno que eu já havia comido, eu sabia disso, mas a verdade é que eu não senti gosto algum. Não literalmente, é claro, afinal eu sabia que a pizza estava maravilhosa, porém eu apenas não pude aproveitá-la.
De alguma maneira eu estava tão disperso, que meus próprios pensamentos não me permitiram sentir o gosto da pizza. Uma pena, pois meu cérebro sabia que ela realmente estava maravilhosa, apesar de eu não lembrar do gosto, apenas da informação.
Eu amo pizza, quão irônico poderia ser isso? O motivo, porém, de eu estar disperso aquele dia, com o tempo se esvaiu, como tudo há de ser um dia. Agora aqui pensando, será que o gosto não tinha um toque salgado que dos meus olhos escorria?
Mas eu repito, a pizza estava maravilhosa, apesar de eu não ter sentido gosto algum.
FRENTISTA
O ônibus estava dobrando a esquina, quando foi possível ver, mesmo que de relance, o frentista do posto dançando com um cachorro de rua, todo amarelo e completamente alegre. Ele balançava o cachorro para lá e para cá, enquanto o canino se pendurava em duas patas e dava pulos de tanta empolgação. Foi uma cena bonita, espero que mais pessoas tenham visto. Detalhes assim podem fazer o dia de alguém.
HALLS
A voz que anunciou os doces era tão grave, que acabou me chamando a atenção. Porém fiquei surpreso quando eu esperava com os olhos na direção de onde viera a voz, mas ao contrário do que eu imaginava, o que vi foi uma criança tão pequena, que tinha quase que dificuldade em carregar a cesta cheia de doces. Ela não devia ter mais do que oito anos. Oito anos! Ela não devia estar ali, devia estar na escola. Só que às vezes escola não mata a fome. Mas aquela voz... Ele estava vendendo Halls por dois reais, comprei um. Um senhor que estava próximo de mim tirou uns trocados do bolso e entregou ao menino, dizendo que não queria nada, apenas ajudar. Mesmo com a máscara, deu pra notar o sorriso enorme no rosto da criança, que agradeceu com entusiasmo. Antes de ir embora, ele juntou uma garrafinha de água vazia que estava no chão e colocou no lixo. Que lição.
Mas aquela voz... Era tão grave!
SUS
- Queria ver sobre uma cirurgia que eu tenho que fazer.
- Eu não consigo ver porque o sistema caiu faz um tempinho.
- Então eu espero?
- Pode ser, ou volta outro dia.
CABELO
- Me puxa pelo cabelo.
- Tem certeza?
- Puxa com força.
- Tá.
- Aaaai!
- Desculpa.
- Puxa mais forte.
- Sua safada!
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