Pular para o conteúdo principal

Amor

    Imagine uma pessoa que nunca fez nada por ninguém. Imagine que essa pessoa simplesmente não contribuiu e nunca irá contribuir socialmente para a humanidade, em nenhum sentido. Ela não sai com ninguém, ela não vê ninguém, não vai conhecer lugares sozinha. Não sabe tocar algum instrumento musical, para quem sabe atrair pelo menos a atenção de alguém. Ela não conversa, não saberia dialogar e nem puxar assunto com ninguém. Não teve uma primeira paixão na adolescência, nem nunca teve o primeiro beijo. Será que alguém já lhe amou? Afinal, que motivo teria para lhe amar? Imagine que essa pessoa nunca falou. 

    Agora imagine que essa pessoa tem uma mãe, e essa mãe tenha ficado, desde o momento que essa pessoa nasceu, literalmente o tempo inteiro ao seu lado. Imagine que ao nascer, essa pessoa recebeu a notícia de que logo iria partir. Um prazo lhe foi dado: meses de vida. Imagine que a mãe, ao ouvir isso, não deu bola alguma, não faria diferença. Essa mãe daria ao filho simplesmente tudo que ela pudesse proporcionar. Imagine que a cada vez que essa pessoa chegava perto do prazo que lhe foi dado, mais prazos ela recebia, novas datas apareciam. Imagine que essa mãe, ao longo do tempo, parou de se importar com os prazos. Os meses foram passando, logo vieram os anos, e por fim as décadas. Imagine que essa pessoa nunca pode, e nem mesmo conseguiria, fazer algo sozinha. Ela teve em todos os momentos a mãe ao seu lado. Imagine que essa mãe abriu mão de toda sua vida, para estar presente, cuidar e ajudar seu filho a fazer absolutamente tudo. Imagine que essa pessoa é tão especial, que mesmo sem nunca ter conseguido falar uma única palavra, traz consigo a alegria que as mais belas palavras não conseguem dizer.

    Palavras muitas vezes são usadas com sentidos errados. Muitas delas são usadas em vão, da boca para fora. Agora tente imaginar o que move essa mãe. Existem palavras para isso?  Sim, é o amor, da forma mais pura e perfeita possível.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LEMBRANÇAS

Vê-la dormir me traz uma sensação de paz Que há muito tempo eu não sentia. Seus olhos, que há poucos instantes olhavam para mim Agora descansam em calmaria. A brisa que faz seu cabelo balançar Me hipnotiza enquanto aqui escrevo De repente, ainda dormindo Você procura por mim com seus braços. Você gosta de me ouvir tanto quanto eu gosto de lhe escutar Imagino o que você estaria agora a sonhar. Eu fecho os olhos, ainda acordado, deitado ao seu lado Ouvindo as músicas que tanto escutamos juntos, E isso me acalma de uma maneira singular. Fecho os olhos novamente, Você já não está lá Ouço as mesmas músicas,  Mas já não me acalmam como antigamente. Acordo, com você ainda me amando Mas percebo que foram apenas lembranças Acordo novamente, mais lembranças Novamente dura até quando? Esse poema, diferente do tempo Não é linear Mas e você, onde está? Eu queria estar ao seu lado Ou embaixo Ou em cima Com certeza dentro Só sei que eu quis estar com você. Mas não apenas em lembranças.

HORTELÃ

Um físico famoso, que há poucas décadas faleceu e juntou-se ao cosmos do universo, certa vez escreveu um livro onde narra os feitos da sonda espacial  Voyager  em direção a Saturno. Quando ela passou próxima ao planeta, recebeu ordens de virar suas câmeras em direção à Terra. A nave estava a 6 bilhões de quilômetros de distância, e por um leve acidente de geometria, nosso planeta ficou exatamente em cima de um raio de luz, causado pelo reflexo do sol na espaçonave. Na imagem, nosso planeta é apenas um pálido ponto azul (título do livro), ironicamente apoiado em uma faixa de incontáveis pontos iguais a pequenos grãos de areia. Esse relato acabou virando uma das reflexões mais famosas da evolução do pensamento científico moderno. Tudo que já aconteceu em nosso planeta, e tudo que vai acontecer, está contido em um minúsculo e imperceptível ponto em um mar de incontáveis corpos cósmicos. Todas as pessoas, que por ganância lutaram pelo poder, para governar e dominar o mundo por uma...

DANÇA

Ela me dá vontade de dançar Mesmo eu não sabendo Não é dança ainda Mas é como se fosse começar Eu pararia o tempo Para admirar o corpo dela Mas eu ficara para sempre Ouvindo ela falar